terça-feira, 23 de abril de 2013

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Colegas, o que ainda nos resta? Temos alguma moral???




Má que que isso Dra.? é a Sra. que defende os professores???

Hoje tive que ir ao médico.  Estava no chuveiro e ligaram da escola p/ saber se eu podia ir mais cedo a fim de adiantar as últimas aulas.  Disse que não daria, mas que faria tudo para chegar no horário.  O problema das inspetoras, é que houve muitas faltas e elas não tinham como segurar os alunos até a última aula.

Fui ao médico sem almoçar.  Peguei duas conduções até chegar ao ponto que me levaria para a escola.  Foi então que percebi que não havia dinheiro no bolso e pus-me a caminhar ao banco mais próximo.

Demorei, fiquei com fome e almocei uns pastéis, mas já eram 4 horas da tarde.  Fui ao ponto, o ônibus demorou.  Liguei o fone de ouvido e ouvi que estávamos em estado de greve já a partir daquele momento.  Entendendo que não daria tempo e eu não tinha créditos para ligar para a escola, resolvi pegar outro ônibus e ir até a APEOESP aqui em Santos.

Próximo das 18 horas, cheguei à frente do sindicato e os portões estavam abertos, mas não havia ninguém, a não ser uma ou duas pessoas na secretaria lá do lado de dentro e uma Sra., muito bem arrumada, muito distinta..., parada bem na frente do portão de entrada, na calçada.

Calculei que era alguém da APEOESP.  Me aproximei e perguntei: "Oi, tudo bem???  ...ehh...  Quem é a Sra.?" (imaginando que pudesse ser uma professora, por exemplo).  E ela respondeu ríspida: "Isso não é da sua conta." - Tentei de novo: "A Sra. trabalha aqui?" - Ela, numa bela de uma cortada: "Cidadão, não interessa.  Eu não te conheço...".

Aquilo virou um tenso diálogo, pois eu queria alguma informação dos acontecimentos...  Ela acabou dizendo, muito sem educação, que fora professora por 20 anos, e que por mais não sei quantos anos, agora era advogada na APEOESP, mas que na calçada ela não me devia satisfação...  Eu lhe disse, por fim, enojado, por umas duas vezes: "A Sra. é péssima!!".

Parou um táxi e ela entrou no banco de trás.  Entrando, disse: "Você vai ter notícias de mim...  nós ainda vamos nos encontrar...".  Fechou a porta e eu disse, já de maneira relativamente irônica: "Doutora, a Sra. está me ameaçando?".  Ela falou alguma coisa ao taxista e eles saíram...

sexta-feira, 12 de abril de 2013

"LEI DA RESPONSABILIDADE EDUCACIONAL" - CARTA AO SR. SENADOR CRISTÓVAM bUARQUE



Santos/SP, 1º de setembro de 2012.



Prezado Senador,

Sou professor de História e Informática em escolas municipais e estaduais da Baixada Santista – Litoral Paulista – há 8 anos.  Essa formação tardia é uma peculiaridade da minha geração, visto que os anos 1980-90 foram mesmo de muitos percalços, e sobreviver, era então a grande prioridade.

Não querendo me estender, gostaria de registrar aqui que a luta diária durante aqueles anos terríveis de instabilidade, não foi em vão e serviu bem para adaptar uma pedagogia baseada na minha experiência de vida, e também, no enfrentamento em meio à rotina docente que hoje é mesmo para quem tem “nervos de aço”.

Mas o motivo deste contato é o de contribuir com algumas posições a partir do meu trabalho como docente.

Nos últimos dez anos de governo, julgo que avançamos bastante e já nem me surpreenderia mais se o que tem ocorrido estivesse “escrito nas estrelas”.  Muita coisa mudou para melhor, vivemos anos de mais estabilidade e relativa segurança.

No entanto, novas polêmicas despontam como problemas urgentes a serem resolvidos.  Um deles, no meu entendimento, é a morosidade no que se refere ao PL 7.420/2006, a saber: a chamada “Lei da Responsabilidade Educacional”.

Tendo notícias de que o Sr. foi convidado para presidir uma audiência pública em torno do tema, promovido por deputados federais do PT (CE e BA), acredito poder colaborar com algumas noções do que acontece tão longe das esferas federais.

Trocando ideias com colegas profissionais do ensino; observando as notícias da região; vivenciando o dia a dia das políticas, administrações e estruturas escolares, sei, particularmente, que “antes de se aprovar 10% do PIB para a Educação, ou; antes de se fixar uma verba ‘x’ dos royalts do petróleo, ou ainda; antes mesmo de tornar todas as escolas em período integral ou federalizá-las (e aqui, alerta para uma ‘faca de dois gumes’), me parece prudente, primeiramente, estabelecer uma fiscalização eficiente de verdade nas destinações e aplicações das verbas para a Educação, tanto para os Estados quanto aos municípios”.

No conjunto da Baixada Santista, algumas cidades articulam golpes onde os “meios” de defesa e/ou denúncia/punição, são burocráticos e ineficazes.  E isso quando alguém tenta ter um pouco mais de atitude, ou quando alguém ousa ser um pouco mais esclarecido.

Em um certo município, por exemplo, especula-se no boca-a-boca que o dinheiro destinado à Educação, foi desviado para construir um estádio poliesportivo, que inclusive, é bandeira de campanha do partido do prefeito e de seu provável sucessor; em outra cidade, houve um escândalo, denunciado até no MP, mas que ficou por isso mesmo.  Tratava-se do desvio descarado do FUNDEB para pagar os salários atrasados do setor de obras.  Em 2011, também, trabalhei em caráter “emergencial” através de um estranho contrato numa cidade vizinha, em que pegava sete conduções por dia e ainda andava 4km/dia para dar aulas em duas escolas equidistantes uma da outra.  O problema é que eu não ganhava nenhum adicional por difícil acesso e nem recebia vale transporte, direito garantido ao trabalhador.  Diga o que lhe parece, Sr. Senador: “isso é insensibilidade, incompetência, ganância ou malandragem?”.

Diga-se de passagem, foi um custo enorme e muita sola de sapato até que eu descobrisse o que eu podia fazer e onde procurar ajuda (para denunciar).  Porém, na expectativa de que a mesma prefeitura ainda me chamasse em 2012, preferi não acionar a justiça, pois estava novamente desempregado, entende?

Às vezes, numa tentativa quase doentia de ser otimista, penso que nossos representantes políticos deixam as coisas ficarem muito ruins a fim de estimular a população a enfrentar seus problemas com força, consciência e coragem, mas, de repente, acordo e percebo que isso é coisa de professor.

De qualquer forma, mesmo que fosse isso, devemos estar cientes que a classe dos professores está tão desiludida que a maioria chegou ao ponto de negar o que há de mais grandioso em sua profissão que é o seu “humanismo”; estão entregando o jogo...  A maior parte dos docentes são mulheres, que além do trabalho em sala de aula, acumulam o do lar.  Os homens, geralmente vão para outra profissão, ou sobem de nível abandonando o magistério ou estão se aposentando.  E agora, parece estar surgindo um outro problema: a geração que está assumindo a sociedade tem pouca ou nenhuma base familiar que lhes tenha formado bons valores, ou valores humanos mais elevados.  Um jovem aí da UNB, na semana passada, reconheceu publicamente: “...faço parte da geração perdida”.

Mais dinheiro para a Educação?  Com essas organizadoras de concursos obscuras e duvidosas que testam professores para municípios?  Acho que vai ser a farra do boi gordo.

Meu Deus!  Estou com medo da minha velhice...

Creio que uma forma de conscientizar a população para a grande importância da PL 7.420/06, é divulgando-a através dos meios oficiais e informais, promover um grande debate como foi o do Código Florestal.  Particularmente tenho feito isso, mas pela minha experiência de “blogueiro”, é uma ideia que não está preocupando ninguém.  Mobilizou muito mais os 10% do PIB para a Educação do que uma responsabilização efetiva dos repasses.  A maior parte dos meus colegas professores, sequer nunca ouviram falar.

Então é isso, Sr. Senador Cristovam Buarque.  Votos de muito sucesso de um irmão e colega professor.

Boa sorte!


Paulo Sergio Teixeira