segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Educação Paulista - Escola em Tempo Integral na era da tecnologia... só que é o seguinte: "sem computadores"


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Ministrei aulas de Informática para jovens do Fundamental II por dois anos em escolas da Prefeitura de São Vicente-SP. Foi uma experiência muito gratificante, pois com a liberdade de desenvolver o programa, pude levar informações importantes aos estudantes. E aquela tal interdisciplinaridade, dita por muitas autoridades da educação, presente inclusive nos PCN's e ensinada, mesmo que teoricamente, nas faculdades de Licenciatura, que, embora quase nunca se consiga efetivar, ali consegui concretizar e observar amplas possibilidades.
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Como a única proposta de orientação daquela prefeitura era ensinar especialmente os 3 programas básicos do Office (no caso, o BrOffice) - Word, Excel e Power Point + o Windows Explorer/Internet, percebi, ao fim daqueles anos, que tratei assuntos relevantes que em muito ultrapassava o meramente técnico.
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Foi possível adentrar, junto com os estudantes, assuntos integrados da atualidade: cidadania, história, sociologia, geografia, filosofia, matemática, raciocínio lógico, saúde, notícias da região e do mundo, artes, português, e claro, algumas habilidades técnicas.
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Foi realmente ótimo! todos gostaram, apesar de ser uma só aula por semana em período convencional. Da minha parte, um grande aprendizado, que por não estar preso a programas limitadores e difíceis de cumprir, quase sempre pela cobrança do tempo no próprio cumprimento dos programas comuns, possibilitou a mim elaborar material didático com relativa liberdade e, desta vez, baseado em observações feitas e adaptadas às carências das turmas daquela comunidade.
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Vencido o contrato junto à SEDUC de São Vicente, ao me ver atribuindo aulas de "Informática Educacional" em escola do Estado de São Paulo, também em São Vicente, desta vez com 2 aulas semanais e 9 turmas do ETI (Escola em Tempo Integral), acreditei que seria uma boa oportunidade para desenvolver meu próprio programa, e se pudesse, quem sabe integrar outras disciplinas através de outros professores da mesma escola. Seria tudo muito bom!
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No entanto, para minha decepção e dos alunos, apesar das promessas que chegam do topo da administração da Educação do Estado, que perpassam a Diretoria Regional, até o último culpado, que curiosamente é sempre a empresa de manutenção licitada (como também por um tempo o fora naquela prefeitura), a escola em que leciono Informática está, desde julho de 2009, com o espaço do laboratório ocioso, 13 máquinas desligadas, sem internet (em toda escola) e sem nenhuma previsão de ligar os equipamentos (visto que eu mesmo não tenho autorização para fazê-lo). E pelo que sei, "todas" as escolas estaduais da cidade encontram-se na mesma situação.
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O programa de escola integral é assim frustrante para as crianças, que chegam às 7 horas na escola e saem às 16, e que, por outro lado, adoram computadores. Que tristeza!...
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Então ficam aí se gabando o ex-governador e o secretário da educação do Estado pelas metas atingidas... Mas eu tenho, como professor da rede pública, motivos para desacreditar nos dados positivos que eles vivem esfregando nas nossas caras, porque o que realmente vemos, é uma situação ruim, frustrante, mal feita, tipo assim "pra inglês ver".
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O tempo que era reservado para estudo de Informática e Computação, é substituído pela nossa criatividade e experiência. Ainda bem que, pessoalmente, eu consigo levar alternativas que certamente servirão para a vida destes jovens cidadãos... Mas agora, a pergunta: "vê lá se alguém desta administração está preocupado com os meus esforços?".
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Paulo Sergio Teixeira