sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Alguém aí viu os resultados do SARESP???

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A avaliação escolar do Estado de São Paulo tem causado certa polêmica ultimamente. Segundo os índices mais recentes, constatamos declínio no resultado de alguns setores essenciais da educação básica, como por exemplo, na "Matemática" (SARESP, 2009). Mas disso só ficamos sabendo através da manifestação de alguns setores da imprensa, tanto oficial como alternativa. E diga-se de passagem: polêmico porque, como resposta-relâmpago e desesperada, resolveram lá dos gabinetes da Secretaria da Educação, relacionar o problema à "péssima competência dos professores de matemática". Na época lembrei de quando FHC, para justificar a urgência da nova lógica nos números da Previdência e dos índices recordes da longevidade dos brasileiros velhos, nos chamou a todos de "vagabundos".
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Neste ano de 2010, quando começaram os trabalhos preparatórios para o SARESP lá na escola que eu leciono, encontrei um livro de resultados anteriores e o folheei percebendo o que não é novidade a nenhum profissional da educação: "evoluções tão mínimas, que nos fazem pensar no ridículo avanço que, quando propagam, parecem vitórias sobre-humanas destes governos". O que vemos, segundo estes dados, é qualidade sempre superior na maior parte das escolas municipais independentes do governo do estado, ou mesmo, em disparada, o montante das escolas federais.
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Vendo aquele livro oficial tão à mão, acreditei que seria muito simples conferir os dados por meio da internet, seja no site da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, ou, talvez, críticas espalhadas, que certamente - acreditava eu -, não seria problema algum encontrar. Um engano! Como é difícil verificar estes dados... às vezes abrem gráficos ilegíveis na internet, a maioria, de blogs de um ou outro interessado. Na do site oficial do Estado, o que vemos é uma série de arquivos PDF (todos particionados para dificultar a consulta), e ainda, apenas de alguns anos: 2003, 2004, 2005, sem dizer que alguns nem sequer abrem. Que descaso!!... Mas os resultados veiculados pelo horário eleitoral, estes sim... estão na ponta da língua da classe política... Falam da educação como se todos tivessem respostas, mas "nunca na história deste país", alguém teve a preocupação de procurar saber o que NÓS, PROFESSORES, sabemos ou fazemos para formar nossos jovens na escola sucateada que legaram para nós. Será que não percebem que somos nós os especialistas da educação?
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No final de julho de 2010, como já mencionei, houve uma reunião preparatória do SARESP entre coordenação e professores na escola. Passaram um vídeo difícil de engolir pelo tanto blá-blá-blá que escutávamos. No vídeo disseram uma coisa espantosa: "...que a partir de agora o SARESP não avaliaria mais as redações dos alunos como era feita anteriormente. Que os estudantes apenas seriam avaliados por questões e respostas alternativas... blá blá...". Após aquele momento tão esclarecedor - especialmente por este trecho -, começou um debate entre os professores. Então, um de nós disse: "Mas por que não avaliar a redação? É a melhor forma de sabermos o nível dos alunos...". Logo respondi em voz alta pra todo mundo ouvir: "Porque eles querem mascarar os índices". Apesar de todo debate, a idéia era nos instruir para melhorar nossa atuação com o fim de melhorar os dados.
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Neste 3º bimestre, sem condições de ministrar aulas de computação (porque os computadores simplesmente não estão funcionando na escola desde 2009), desenvolvi um trabalho diferenciado com temas transversais, a saber: "Planejamento Faminilar", "Cidadania" e "Drogas". Foram encontros semanais, em roda, sentados, às vezes ao ar livre, às vezes no pátio. Cada um dos presentes falava de suas experiências e iam ouvindo minha palestra. Foi muito bom, porque na descontração, pude avaliá-los de maneira diferente. Então, ao término do primeiro mês, resolvi fazer uma atividade em sala a partir dos temas trabalhados. Ofereci material de orientação a se escolher dentre os três temas, pedindo uma expressão escrita e outra desenhada sobre o tema escolhido por cada um. Só para começar, 90% dos alunos escolheram o tema "Drogas", para se ver aí o quanto isso está presente na vida deles. Cidadania??? a última opção...
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Das redações, nem sei o que dizer... Estudantes que já estão na escola há pelo menos 8 anos, nem sequer sabem criar uma história. Não sabem regras básicas como parágrafo, pontuação, tempo de oração etc. A maioria não sabe escrever corretamente, e não se trata de uma ou outra palavra, mas sim de 3 a 4 por linha. Salvo um ou dois alunos de cada classe, os erros e a superficialidade nos dão uma imensa sensação de revolta. Se os resultados de Língua Portuguesa estão evoluindo no SARESP, como explicar tamanha disparidade? Mas acredito que nosso governo tucano do Estado, e todos seus técnicos hiper-burocratas, ainda vão mais longe: se esforçam em demonstrar melhores resultados para inglês ver. Ora, um aluno pode não saber escrever corretamente, mas depois de 8 anos de escola, bem ou mal, sabem ler o suficiente para responder uma alternativa e dar vários chutes.
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Será que vão lançar uma nova caça às bruxas??? Os professores de Português são também tão incompetentes assim??? com toda aquela carga horária que não perde pra nenhuma outra??? Sabemos que não se trata disso. Os problemas são vários, mas o principal de todos, é a incompetência destes últimos governos, que continuam trabalhando para tanger bois eleitores, como pode ser visto ao se entrar naquele bairro. Imagina que um candidato a deputado "federal", aqui da região, foi visto na feira fritando pastel e distribuindo... Dá pra acreditar nisso??? Mas ai se vissem as inúmeras plaquinhas... Espalhadas de tal maneira nas ruas, que mal conseguimos andar. Lamentável!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Educação Paulista - Escola em Tempo Integral na era da tecnologia... só que é o seguinte: "sem computadores"


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Ministrei aulas de Informática para jovens do Fundamental II por dois anos em escolas da Prefeitura de São Vicente-SP. Foi uma experiência muito gratificante, pois com a liberdade de desenvolver o programa, pude levar informações importantes aos estudantes. E aquela tal interdisciplinaridade, dita por muitas autoridades da educação, presente inclusive nos PCN's e ensinada, mesmo que teoricamente, nas faculdades de Licenciatura, que, embora quase nunca se consiga efetivar, ali consegui concretizar e observar amplas possibilidades.
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Como a única proposta de orientação daquela prefeitura era ensinar especialmente os 3 programas básicos do Office (no caso, o BrOffice) - Word, Excel e Power Point + o Windows Explorer/Internet, percebi, ao fim daqueles anos, que tratei assuntos relevantes que em muito ultrapassava o meramente técnico.
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Foi possível adentrar, junto com os estudantes, assuntos integrados da atualidade: cidadania, história, sociologia, geografia, filosofia, matemática, raciocínio lógico, saúde, notícias da região e do mundo, artes, português, e claro, algumas habilidades técnicas.
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Foi realmente ótimo! todos gostaram, apesar de ser uma só aula por semana em período convencional. Da minha parte, um grande aprendizado, que por não estar preso a programas limitadores e difíceis de cumprir, quase sempre pela cobrança do tempo no próprio cumprimento dos programas comuns, possibilitou a mim elaborar material didático com relativa liberdade e, desta vez, baseado em observações feitas e adaptadas às carências das turmas daquela comunidade.
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Vencido o contrato junto à SEDUC de São Vicente, ao me ver atribuindo aulas de "Informática Educacional" em escola do Estado de São Paulo, também em São Vicente, desta vez com 2 aulas semanais e 9 turmas do ETI (Escola em Tempo Integral), acreditei que seria uma boa oportunidade para desenvolver meu próprio programa, e se pudesse, quem sabe integrar outras disciplinas através de outros professores da mesma escola. Seria tudo muito bom!
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No entanto, para minha decepção e dos alunos, apesar das promessas que chegam do topo da administração da Educação do Estado, que perpassam a Diretoria Regional, até o último culpado, que curiosamente é sempre a empresa de manutenção licitada (como também por um tempo o fora naquela prefeitura), a escola em que leciono Informática está, desde julho de 2009, com o espaço do laboratório ocioso, 13 máquinas desligadas, sem internet (em toda escola) e sem nenhuma previsão de ligar os equipamentos (visto que eu mesmo não tenho autorização para fazê-lo). E pelo que sei, "todas" as escolas estaduais da cidade encontram-se na mesma situação.
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O programa de escola integral é assim frustrante para as crianças, que chegam às 7 horas na escola e saem às 16, e que, por outro lado, adoram computadores. Que tristeza!...
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Então ficam aí se gabando o ex-governador e o secretário da educação do Estado pelas metas atingidas... Mas eu tenho, como professor da rede pública, motivos para desacreditar nos dados positivos que eles vivem esfregando nas nossas caras, porque o que realmente vemos, é uma situação ruim, frustrante, mal feita, tipo assim "pra inglês ver".
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O tempo que era reservado para estudo de Informática e Computação, é substituído pela nossa criatividade e experiência. Ainda bem que, pessoalmente, eu consigo levar alternativas que certamente servirão para a vida destes jovens cidadãos... Mas agora, a pergunta: "vê lá se alguém desta administração está preocupado com os meus esforços?".
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Visitem os blogs:
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http://campopacifico.blogspot.com/
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Paulo Sergio Teixeira

domingo, 23 de maio de 2010

CONTAGEM REGRESSIVA: 95 dias sem salário!

[23/05/2010]
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Hoje faz 95 dias que não recebo meu salário de professor do Estado de São Paulo, categoria "O". Mas estou sobrevivendo, pelo menos, tem aparecido uns bicos aí pra ir fazendo. Ainda bem que minha mãe aposentada tá segurando as pontas e deixando eu pagar as despesas depois.
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Seria essa a solução econômica que Marx não viu? Para que não corramos o risco de mais um colapso nas contas do capitalismo, a receita é a seguinte: "Apertem o cinto bem apertado! Vou ali fazer um rodo-anel com seu dinheiro, depois a gente paga".
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O rodo-anel é solução, é investimento (apesar de todos os inúmeros pedágios que vão sendo construídos juntos, e que nos farão pagar mais caro pelo pão de cada dia).
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Mas não vejo erro na grande rodovia em si. Vejo erro é no investimento sempre superior sobre as estruturas em detrimento ao investimento humano. No meu entendimento, não há muito sentido investir tanto nas urgências estruurais ao mesmo tempo que se deixa o cidadão, que trabalha, paga seus impostos e elege seus representantes, numa condição humilhante de não conseguir nem sequer pagar seu aluguel, ou mesmo, encontrar oportunidades de trabalho.
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A vida é luta! Se engana que não reconhece isso... Mas a classe política deveria ter mais sesibilidade com seus eleitores, e tentar, através de melhor administração e menos propaganda, facilitar mais essa tanta tanta labuta, principalmente procurando gerar maiores e melhores oportunidades.
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Enquanto isso não acontece, vou indo eu no meu bloguinho, no cantinho da casa da minha mãe aposentada, e mergulhando de cabeça no luta do sindicato, Professor mereceria o respeito só pela sua condição de trabalho, pelos seus esforços e pela sua inata generosidade, não pelas vozes de revolta que nos incitam a vomitar.
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Paulo Sergio Teixeira [23/MAIO/2010]
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Eu professor OFA, categoria "O"... de "Otário"...

01 Abril 2010
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Em julho de 2009, devido ao término de um contrato de 2 anos como professor em uma prefeitura aqui da Baixada Santista, tive que procurar outro trabalho. Como já havia feito a inscrição no começo do ano para lecionar nas escolas do Estado de São Paulo como prof. eventual ou OFA, achei que tudo daria certo. No entanto, justamente naquele julho de 2009, o governador Serra mudou as regras que dizia o seguinte: "a partir de agora, toda a categoria de temporários que não havia dado aulas no Estado até agora, entrarão na categoria "L", e, portanto, se derem aula ainda este ano de 2009, não poderão lecionar pelos próximos 200 dias de ano letivo de 2010".
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Foi um banho de água fria, pois a única alternativa que possuía para pagar minhas contas em meio a esta instabilidade comum a toda classe, era justamente as aulas que eu poderia pegar no Estado. Mas o problema estava em sacrificar menos de 5 meses de trabalho em 2009, por um ano inteiro de 2010, sem a possibilidade de trabalhar nas escolas estaduais de São Paulo.
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Conversei com a família e resolvi não arriscar. Entreguei meu apartamento alugado e resolvi ir morar com minha mãe viúva e aposentada no ápice dos meus 37 anos de idade.
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Tudo Bem! Neste ano de 2010, após a provinha dos OFA's que eu fiz e me saí razoavelmente bem com 49 pontos, consegui entrar no processo de atribuição. No dia marcado, estava eu lá com mais uma centena de professores, mas para nossa surpresa, todas as vagas para professores de História, já haviam sido preenchidas pelos efetivos, não sobrando mais espaço para mim e para meus companheiros. Felizmente, havia um significativo saldo de aulas para "Informática Educacional", que justamente um antigo curso técnico que fiz, permitia preencher.
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Fui à escola, afastada 27km de minha residência e cerca de 32km do meu outro trabalho. Este outro trabalho era numa escola particular em Santos, onde teria que largar à 12h e estar na área continental de São Vicente, às 13h, caso eu quisesse continuar pagando minhas contas. Só que tive que optar, pois era impossível conciliar as duas. Pagava R$ 60,00 por semana a um moto-taxi para conseguir chegar no horário. Não teve jeito! Tive que largar a primeira, não compensava...
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O secretário da escola, advogado formado, e que ganha seus R$ 748,00 por mês para resolver de um tudo, passou as instruções. Juntei toda a papelada e fiz a perícia em tempo recorde em um hospital, também do Estado. Entreguei tudo em tempo.
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A coordenaçlão também foi muito importante, pois alertaram-me sobre a impossibilidade de tirar mais de duas abonadas durante todo o ano de 2010, e também, que não poderia tirar licença saúde, pois caso isso acontecesse, eu seria dispensado imediatamente. Uma colega disse o seguinte pra mim: "Paulo, se você amputar a perna, vem trabalhar com ela na mão, senão o Serra te manda embora". Fala a verdade... Isso é que é humor negro, né???
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Já com quase dois meses de trabalho em sala de aula (visto que a sala de informática da escola está com seus 13 computadores desligados e sem previsão de instalação), nosso secretário veio com nova informação: "Paulo, aquela perícia que você fez pelo hospital do Estado, não tem mais validade. Quer dizer: agora você terá que ir a uma clínica particular passar por outra perícia". Cheio de raiva, porque já via que naquele segundo mês não daria tempo para dar entrada nos papéis e, portanto, não receberia por mais um mês o salário desde o dia 18 de fevereiro, fui fazer a tal nova perícia em uma clínica da cidade.
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Chegando lá, a atendente cobrou seus R$ 20,00 e, mesmo que eu alegasse que era o contratante que deveria pagar, tive que desenbolsá-lo sem reclamar. Bom, a perícia, todo brasileiro já sabe como é, né??? O médico saca seu estetoscópio mirabolante, examina o peito com ele, pergunta se toma remédio, assina aqui e pode ir embora... R$ 20,00...
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Está muito difícil, nós somos muito desvalorizados, mas também, pensemos bem: que pai de aluno nos apoiaria por receber nossos mil e tantos reais pelo absurdo dos descasos, quando a maioria dos pais recebem seus R$ 500,00 por mês. Para eles, nós reclamamos demais...
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Parabéns a todos estes atores que não administram direito nosso trabalho e nossas contas, ganham eleições e julgam-se solucionadores de números; para eles, que se dane toda a humanidade... Assim que eu puder, mando a conta pra todos eles... "Vão pagar com juros... eu juro...".
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Paulo Sergio Teixeira [01/abr/2010]

A VERDADE SOBRE JOSÉ SERRA E A EDUCAÇÃO PAULISTA

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Estamos em ano de eleição e, portanto, é hora de prestarmos atenção aos possíveis candidatos para que o nosso voto não seja motivo de mais mazelas sociais causadas por más administrações. Sabemos, no entanto, que manter-nos informados quanto ao que realmente acontece em nossa sociedade não é tarefa fácil, uma vez que boa parte da grande mídia está a serviço do capital e de partidos políticos – geralmente conservadores. Como o PSDB
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É por essa razão que, por meio desse e-mail, queremos informar a todos o que realmente acontece na educação paulista, uma vez que possivelmente o Sr. José Serra se candidatará ao cargo de presidente da República neste ano. Acreditamos na Internet como um meio eficiente de fazer ouvir a nossa voz, quando o governo e a mídia, por conta dos seus interesses eleitoreiros, querem nos calar e difamar a todo custo.
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Um exemplo dessa atitude criminosa da mídia golpista é a matéria que, recentemente, foi publicada no Estadão. Dentre outras insinuações, o jornal acusava os professores da rede estadual de entrar em greve como um pretexto para ficarem de “braços cruzados”, um jeito “sutil” de classificar a categoria como preguiçosa.
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O jornal “esqueceu-se”, no entanto, de contar aos leitores os reais motivos da paralisação dos professores. Este e-mail, portanto, pretende impedir a manipulação asquerosa promovida por esse e por outros jornais de grande circulação, contando o que de fato acontece nos estabelecimentos de ensino do estado de São Paulo e que motivou a greve.
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SEGREGAÇÃO DA CATEGORIA
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O governo Serra dividiu os professores em categorias com letras sugestivas como O de otário, L de lixo, F de f*****, etc, como se fôssemos gado marcado a ferro quente nas costas com as iniciais do dono.
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O intuito disso é muito simples: segregar a categoria, jogando professores uns contra os outros, numa clara tentativa de enfraquecer a categoria, facilitando a aplicabilidade dos desmandos do governo tucano.
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A verdade, no entanto, é uma só. Somos todos professores, e temos – ou deveríamos ter pela lógica mais pueril – os mesmos direitos. Na prática, porém, não é o que acontece depois da invenção das malfadadas “letrinhas”. Cada categoria de professores é totalmente diferente da outra.
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A DUZENTENA
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Os professores da categoria O, por alguma razão ilógica que ainda estamos tentando compreender, após término de contrato terão que ficar 200 dias afastados das salas de aula. Isto significa que, se um professor está cobrindo uma licença de três meses, após esse período cessa o contrato e ele precisa ficar 200 dias em casa.
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As perguntas óbvias que surgem imediatamente são: Acaso deixaremos de precisar trabalhar durante 200 dias? Nossos filhos deixarão de comer durante 200 dias? Sob quais argumentos o governo aprovou uma lei tão absurda e sem sentido?
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O que parece é que a lei é um desestímulo a que os professores participem das atribuições de aula, e cubram licenças como professores eventuais, o que acontece muito.Isso porque um professor contratado exige que se recolha INSS, que se pague horas de HTPC, dentre outros benefícios que o eventual não tem.
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MATERIAIS DE PÉSSIMA QUALIDADE
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Há alguns anos o governo tucano de São Paulo vem enviando às escolas revistas com aulas já prontas – tirando toda a autonomia e liberdade do professor. Tais revistas são de péssima qualidade, apresentando erros grotescos, propondo exercícios patéticos que pouco ou nada contribuem para o avanço dos alunos.
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SARESP NÃO MOSTRA A REALIDADE DOS ALUNOS PAULISTAS
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Os índices do IDESP – que somam índice de aprovação de alunos e desempenho na prova do SARESP – estão longe de revelar a realidade das salas de aula no estado de São Paulo. A verdade é que, com a progressão continuada, isto é, a obrigatoriedade de aprovar um aluno de um ano a outro, a menos que este exceda o número de faltas permitidas, é muito fácil manter um índice alto de aprovação de alunos, sem que isso signifique necessariamente que eles possuem as competências e habilidades que deveriam possuir.
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Ademais nos resultados do SARESP o que vemos são textos asquerosos que tentam intensificar avanços pequenos, e minimizar atrasos significativos. Ademais o governo tem o mau hábito de atribuir a suas políticas educacionais os méritos dos avanços dos alunos, e lançar apenas ao professor a responsabilidade pelos regressos.
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SALAS LOTADAS
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Há um grande número de alunos por sala de aula, o que dificulta o trabalho dos professores, fazendo com que o ensino não tenha a mesma qualidade que poderia ter caso o número de alunos fosse reduzido.
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Além disso o governo prometeu que colocaria dois professores por sala na primeira série do Ensino Fundamental I, e isso não é o que temos visto. Ao contrário, o que vemos são PEBs I com 40 crianças de cinco e seis anos sem que haja o prometido professor auxiliar. E não pense que é só nas PEBs I que encontramos esses números absurdos de alunos não!!!
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PROVÃO DOS ACTs
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Está claro que o governo pretende com o provão dos ACTs passar a ideia ilusória de que os supostos “professores incompetentes” serão afastados das salas de aula, o que seria um avanço na educação, uma inovação desse governo. Isto porém não passa de mais uma medida para fazer com que o povo acredite que a educação está melhorando graças ao governo Serra. Também é um meio de jogar a responsabilidade pela falência da educação sobre as costas dos professores, classificando- os como incompetentes, para não assumir a parcela farta de culpa do governo tucano que sucateou o ensino.
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AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO E VALE-TRANSPORTE
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Quanto a essa parte não é preciso dizer muita coisa. Não é à toa que os colegas apelidaram o vale-refeição de “vale-coxinha”. Quem consegue receber o “benefício” sabe que ele é tão vergonhoso quanto o nosso salário. E aí dar mais aulas ou ultrapassar o "limite" de salário para receber o vale-coxinha ou ficar com o vale-coxinha e dar menos aulas? Difícil escolher entre as duas mixarias!!!!
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PROPAGANDA ENGANOSA
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O governador José Serra,do PSDB com claros interesses eleitoreiros, tem veiculado propagandas na mídia que mostram uma realidade falseada da educação paulista. Nessas propagandas o salário dos professores é ótimo, a educação avança vertiginosamente, etc.Na prática qualquer professor sabe que isso não é verdade.
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SALÁRIOS MISERÁVEIS
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Freqüentemente somos acusados pela mídia golpista a serviço do PSDB de mercenários, simplesmente porque lutamos por salários dignos. Parece que a imagem que se tem do professor é a mesma do “voluntariado”- Nós professores temos famílias para sustentar, temos contas a pagar, dedicamo-nos não somente dentro da escola, mas também em nossas casas, já que é no lar que nos atualizamos, corrigimos trabalhos, planejamos aulas.
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O salário base de um professor hoje não chega a R$ 950,00, o que é muito pouco para um trabalho que exige de nós muito tempo.
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FALTA DE CONCURSOS PÚBLICOS PARA EFETIVAÇÃO
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Vem do período da ditadura militar essa insistência em manter professores temporários na rede. Hoje esses professores são parte significativa de todo o efetivo da categoria. O número de temporários ultrapassa os 80.000 professores.
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Isso gera algumas dificuldades na hora de aposentar-se, e não dá acesso a alguns benefícios que o efetivo tem.
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É verdade que agora – em ano de eleição – o governo realizará um concurso público para efetivação de professores. No entanto o número de vagas é ridículo, pouco mais de 10.000. Precisamos de muito mais vagas para substituir todos os temporários da rede, então só pensando um pouquinho... já sabem de quem serão as vagas..tempo de serviço não conta?
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PROFESSORES NÃO FORMADOS ATUAM NA REDE
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O governo, que vez ou outra coloca professores de “reforço”, como está acontecendo com os educadores da disciplina de matemática, e que quer demonstrar tanto rigor na contratação de professores com provas eliminatórias, na verdade permite que alunos de faculdade – ainda não formados – bacharéis e tecnólogos – que não passaram em sua graduação por disciplinas relacionadas à prática pedagógica, lecionem tranqüilamente na rede pública.
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Preste muita atenção em quem você vai votar. A mídia e o governo estão tentando jogar a sociedade contra os professores, ao mesmo tempo que tentam abafar as reais dimensões da greve para que a imagem do “candidato das elites” não saia arranhada e atrapalhe suas pretensões políticas.
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[Encaminhado pelo Prof. Segis - 30/MAR/2010]